LA CARETA QUE CAE

La Careta 2

RELEASE


Do original Títeres de Cachiporra de Federico Garcia Lorca, “La Careta Que Cae” é uma farsa idealizada para bonecos e tem por tema central o amor proibido entre Cocoliche e Rosita, que fora prometida por sua mãe ao grotesco Dom Cristovinho da Cachamorra, em troca de uma grande quantia de dinheiro.

FICHA TÉCNICA


Direção: Breno Sanches
Dramaturgia: Federico Garcia Lorca
ELENCO: Adriano Pellegrini, Ana Carolina Gomes, Andrea Santiago, Camile dos Anjos, Daniel Chagas, Hugo Souza, Marcéli Torquato, Matheus Calado e Roberto Rodrigues
Tradução e Adaptação: Daniel Chagas
Preparação e Direção Musical: Julio Paredes e Fernanda Faria
Coreografias: Paulo Cristo
Preparação Corporal: Camile dos Anjos
Cenografia: Ana Machado
Figurino: Cássia Monteiro
Adereço: Arlete Rua e Thais Boulanger
Bonecos: Marcio Newlands
Iluminação: Adriana Milhomem
Visagismo: Isabel Chavarri
Realização: Cia Teatral Milongas

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VÍDEOS


CRÍTICA

O palco “decorado” com elementos rústicos. Madeira, tecidos, tons de terra. A luz, delicada e vigorosa, ao mesmo tempo. Atores e boneco. O figurino, colorido e vivo, contrasta com a sobriedade de algumas peças. Os atores, plenos em cena. Tudo funciona harmoniosamente. O texto que conquista, as interpretações que convencem, a música que toca o coração. O público se deixa envolver e se entrega. É teatro, no sentido máximo da palavra. É o Grupo Milongas presenteando quem gosta de artes cênicas com um espetáculo limpo, puro: “La Careta Que Cae”. A peça foi encenada semana passada, no Gacemss (Grêmio Artístico e Cultural Edmundo de Macedo Soares e Silva), em Volta Redonda. Merece cada aplauso que recebeu, e um pouco mais.

“La Careta Que Cae” foi o segundo espetáculo da “Mostra de Teatro Investigação Universitária”. Reúne em cena boneco e atores, fala de amor e morte, apresenta música e dança. É farsa e simbolismo. Dirigido por Breno Sanches, é uma adaptação de “Títeres de Cachiporra”, de Federico Garcia Lorca. Mas não pense que o conteúdo leva o público para distante de suas raízes. Muito pelo contrário. É possível se identificar com tudo o que é mostrado em cena, porque, além de Lorca ser universal, a vida – e é exatamente disso que a peça trata – não tem nacionalidade. Ou não deveria ter.
O grupo utiliza elementos da cultura popular brasileira para travar um diálogo entre as tradições originais do autor e as do Brasil. E consegue isso com extrema competência e originalidade. Mamulengos, cantigas e toadas, jogos e superstições também são inseridos no espetáculo. Mas “La Careta Que Cae” não é um espetáculo “fácil”. Refiro-me àquilo que comentei na coluna “Olho Vivo” de terça-feira passada, sobre “Nós na Fita”. É preciso dar oportunidade ao público de conhecer linguagens e gêneros diferentes. O projeto “Mostra de Teatro Investigação Universitária” faz isso, e quem gosta da estética contemporânea agradece.

A farsa idealizada para bonecos tem por tema central o amor proibido entre Cocoliche e Rosita, prometida por seu falido pai ao grotesco Dom Cristovinho da Cachamorra, em troca de uma grande quantia de dinheiro. Inicialmente, é apresentado o personagem Mosquito, um boneco que “representa a alegria do viver livre e a graça e a poesia do povo andaluz” (Lorca, 1936). Mosquito conquista o público logo de cara, graças ao talento de seu manipulador, que representa a personificação de Lorca. O ator se sai muito bem, e demonstra boa preparação vocal e corporal.
Um dos trunfos do espetáculo é exatamente a composição corporal, vocal e cênica. Dá gosto ver as danças populares, os jogos e as figuras do teatro de sombras. Mas nada disso funcionaria se não fosse o ótimo trabalho vocal do grupo, que canta (e canta bem), durante toda a peça. É que o texto de Lorca sugere a utilização de canções, que são executadas, além de alguns poemas do autor musicados. Tudo muito bom. Ponto para a professora Jane Celeste.

Ponto também para o diretor, que consegue tornar o espetáculo ágil e compreensível, mesmo a história sendo contada/encenada por um grupo de atores mambembes que carregam seus elementos cênicos, montam seus cenários, além de cantar músicas da trupe, fazendo referência à companhia teatral do autor.

No elenco, atores e atrizes que se preocuparam em lapidar seus instrumentos de trabalho: Adriano Pellegrini, Ana Carolina Gomes, Andréa Santiago, Daniel Chagas, Hugo Souza, Marcéli Torquato, Matheus Calado e Roberto Rodrigues. A iluminação, inspirada, é de Adriana Milhomen. A tradução e adaptação, de Daniel Chagas. Um espetáculo teatral para assistir com gosto.

E, para quem ainda não conhece o projeto, vale informar que serão apresentados sete espetáculos produzidos em universidades do Rio de Janeiro, ao longo de 2007. As peças, encenadas uma vez por mês, até novembro, sempre aos sábados. Uma parceria de diversas universidades, como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UNI-Rio (Universidade do Rio de Janeiro), PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e UBM (Centro Universitário de Barra Mansa).

por Cláudio Alcântara - Diário do Vale